sábado, 29 de novembro de 2008

Sábado

Ah! Insensatez, dos poucos momentos
Faz-se hoje em meu peito longos anos
Os quais não sinto mais.
Na pálida face pouco se vê,
Pouco tudo, quase nada, que pensar?
Passam-me as horas na obtusa e quase clara
Intenção de algo querer,
Quero tanto, o tal querer.
Maniqueísta sou, sim, sou.
Sou em mim agora, como antes disse,
Tudo o que nunca imaginei
Sou pálida parte daquilo que já teve cor
Fui face obtusa não obstante do nada que via,
Já não sei se sou ou fui eu, passou-te o tempo também,
Só queria se quereria eu, quem sabe,
Algo. Algo mais.

terça-feira, 4 de novembro de 2008

Abismo

A janela se abre como que com vontade propria,
Tudo voa, tudo soa, nada acalma.
Acalento de ser eu mesmo, eu, quem seria?
Ah! Deixo aquilo ali, isso aqui,
não sei medir os metros que me separam
do ser eu, eu que não sei medir nem centímetros
Da soleira de minha janela que se abre
tenho apenas dois grãos de areia de tamanho
o tempo se passa em brisas que me movem
Daqui prali são só dois cigarros.
Pára!
Que me deixem sentar e só olhar.
Que me deixem lavar a alma de vinho,
Que me deixem ser atrevido, obsoleto,
Que me levem à cafeteria, sorveteria,
sem metros de distância, sem medidas
Que me deixem.
Sou agora o que não medi antes,
O quanto eu te falei
Nunca foi nem será suficiente
Falar do que foi
Não vai me tirar da minha cadeira
Quero os dois cigarros
Pra medir em mim a profundidade de uma alma.

Intangível

​Exú corre no rio E atravessa o tempo Não tem pegada ou encruzilhada Exú corre no rio Tempo avesso e através.