domingo, 28 de novembro de 2010

canção de ninar

vertiginosamente desço
cortando céu em meio acorde
brilhando muito
descendo muito
rasgando a seda azul-clarinha
batendo os pés no alto monte
tomando impulso pra outro salto
deixando a noite meio sem jeito
cambaleante, quase sozinha
mergulho mar por um segundo
apago em mim, que já fui sol,
sonhos e raios, o meu sorriso
me visto todo em arrebol
me ponho em cama
de horizonte

sexta-feira, 19 de novembro de 2010

Equilibrista

dispersa, azul, metódica
a vista embaça em meio céu
balanço e desconcerto de passadas
na corda quase solta que me prendo
eterno orquestrado, quase um drama
prosódia de sussurro em meio tom
a brisa que refresca quase assusta
desequilíbrio perfeito e sintonia
daqui, no balançar, eu vejo
com outros olhos, ou um mundo que não via
só pé e linha, braços bem abertos
a confiança que não sei de onde tiro
um passo em falso e já não caio
só respiro
imensidão da pequeneza que nos cerca

Intangível

​Exú corre no rio E atravessa o tempo Não tem pegada ou encruzilhada Exú corre no rio Tempo avesso e através.