terça-feira, 26 de março de 2013

amor...

amor, amor,
não vale a pena
bater asa
pra fora de casa
quando a noite cai.
lá no quintal
tanque, pedra e varal
das penas que pendurou,
tuas roupas,
essas muito poucas,
aquele meu vestido;
pousam no sofá
esperando passar
toda a sua dor.

domingo, 17 de março de 2013

domingo

qualquer domingo desse
lhe chamo de surpresa
pra comer comigo
comidinha requentada,
tomar uma cerveja
ouvir Nelson Gonçalves
pisar no chão com a segurança nos pés
dos anos sessenta,
se perder na tarde
enquanto nada é tarde
e da janela
meio jardim
meio afim.

domingo, 10 de março de 2013

manhã

eu sei, bê, decepcionei.
a cidade engole tudo
daqui de cima, são quinze andares,
eu vejo o mar
eu vejo horizontes móveis
eu vejo móveis voarem altura abaixo,
sou tão cego...

Saulo me chamou pra escrever um livro
sobre delicadeza,
que sei eu?
anfetaminado
sinto desejos diante o espelho
reflito os traços no meu corpo
o porto da barra
continua ali

só,
bato minhas ondas na praia
sem sequer banhista desnudo
ou vestido que estivesse
passa um barco
e não sou eu.

revolvo correntes
por dentro de mim
encharco as areias
por pura
e completa
vaidade,
netuno de um copo,
imenso, só eu vejo.

falta verso que faça entender o universo
falta verso
e sobra verão
soberba
minha barba
muitas bocas
poucas palavras

Intangível

​Exú corre no rio E atravessa o tempo Não tem pegada ou encruzilhada Exú corre no rio Tempo avesso e através.