sexta-feira, 22 de agosto de 2008

Fica bem

Sair sem olhar o relógio,
Andar na rua de barro que suja
A barra da calça e não demora
Pra atingir o chão que contagia os pés com movimento.
Dispara o peito na corrida dos minutos
Diminutos num dia cheio, trabalho e café,
Ainda tenho você na sala sentada
Com meu Tolstói arrebatador,
Mas é a rua que me leva, e eu vou
Saí sem olhar a hora, nem o dia e a chave no trinco,
Corri pra rua vendo o povo gritar mais uma tarde branca
Uma brancura que me fez correr e correr,
No meio de tantas outras cores.
A saudosa boca sedenta do sentir,
Horas que passam e fazem mais cinzas
Meu coração explode, eu tenho uma hora
De corrida no suor incandecente.
E vejo o sonho do outro lado da rua,
Dá-me os dedos pra que nada falte
Nada sobra da brancura, do trabalho ou do café.
Explode meu coração e tudo.
Fica bem...

quinta-feira, 21 de agosto de 2008

diminuta...

O agora passou passando bem devagarzinho

Se se faz tudo que quer, não estou sozinho

Deu no rádio e na TV

O mundo se cansou de solidão.

Sol de verão que queima a face

O protetor não é mais necessário

E como queria saber as belas artes

Das palavras soltas poder juntar

Pra contar ao povo todo do devagar do agora

Que passou a passar sem sol

Varreu o vale e a estrada

Do meu peito, nada ficou

Nas artes da solidão do vale e do necessário

Pra saber ver o sol só mais uma vez

sexta-feira, 8 de agosto de 2008

Inconnu

- Realmente, eu não posso dar.
Não insista, por favor, já disse e repito.
Aquilo tudo, aqueles simples fatos,
Nada que o tempo não cure,
E se não curar, perdoa-me e toma um café...
Vai! Segue tua vida, segue que o caminho é longo,
E eu sou nada mais que um transeunte na tua estrada.
Insistir em um sonho é pura estupidez, tão tola.
Por deus, encarecidamente te peço que parta,
Vais daqui e leva contigo essa angustia facial.
Minhas mãos já tremem de te ver assim,
Preciso de minha consciência limpa.
Porque me olhas tão fundo?
Não posso dar o que não tenho dentro de mim,
Não adianta. Nem toda dor do mundo vai te ajudar.
- Olhe para mim, por favor.
- Sua voz é semelhante a algo que já ouvi...
Mas não tente me amolecer com sua maldita voz!
Seus olhos doces já tão opacos,
Nenhuma lagrima me mudará!
Faz-me chorar quando eu deveria rir,
Odeio-te por isso, vá embora daqui.
Vá embora e leve consigo meu desprezo,
Leva-o no bolso pra que um dia possa usá-lo.
Guarda esse espelho que eu já sumirei.
E olharás para o infinito sem ver nossa face.
Não me chame até que passemos o horizonte.

Intangível

​Exú corre no rio E atravessa o tempo Não tem pegada ou encruzilhada Exú corre no rio Tempo avesso e através.