sexta-feira, 30 de setembro de 2011

adeus

bebi do seu feitiço
arrastei o mundo com a mão
provei o sabor, frio,
descobri que o peito cansa

e de repente
meu coração
ah! meu coração,
mesmo sozinho
agora dança.

terça-feira, 27 de setembro de 2011

le temps destruit tout

tudo são ecos

nada novo.

gritos do passado revividos por minha acústica saudosista,

um chá

pra esquecer
os dias de trás
e ainda espero demais.

tremo as mãos como quem não aguenta

esperar o futuro acontecer

como quem não aguenta

lembrar

ainda presente em mim,
meu relógio não quer se entender

e viver

de ponteiros.

segunda-feira, 26 de setembro de 2011

le navire

o descompasso de quem corre n'água

pra libertar o barco,

errantes,

despreocupados com o que virá
ou veio antes

não é meu.

sou o que olha vez após vez

a soltura da natureza incontrolável da embarcação que insiste em correr

sem olhar pra trás,

mesmo quando tudo em mim
quer ancorar contra as ondas,

passo,

meu olhar acompanha o barco
e a nuvem me distrai
nas velas que costurei

sexta-feira, 23 de setembro de 2011

promessa

eu tropecei na esquina
quase fim do caminho,
sei que meus passos guiaram
por onde o coração pensou saber
e saber bem o que queria,
mas porque então tropecei
com medo de pisar
em caminhos que não me levariam
a você?

toda esquina assusta,
mas se eu tiver de atravessar
quero estar sorrindo.

segunda-feira, 12 de setembro de 2011

cartas transviadas

sou pandeiro liso e esticado
que apanha pra chorar
na roda
alegrando quem ouve
com gemido e sacolejo
na sintonia do sorriso
que só eu não sorri.
e quando me guardam novamente
nas areias da praia
sujo
acendo meu pavio curto
e subo pro céu como um rojão
cheio de barulho
pra estourar na escuridão
e por lá ficar
na roda
alegrando quem vê
com velocidade e desprendimento
pirotecnia do meu ser
que só eu não soube
ser.

Intangível

​Exú corre no rio E atravessa o tempo Não tem pegada ou encruzilhada Exú corre no rio Tempo avesso e através.