domingo, 6 de junho de 2010

IV

e já não paro de falar
mesmo que só sussurros
batuco notas nas paredes
musico versos e verões
ou grito alto dentro do carro
quando ninguém me ouve
pra não sentir só
sem um sotaque
quietude perfeita
e imensa em mim

é que não te sentir é insuportável
mas
o que eu não aguento é o silêncio

aquele que você deixa quando sai



em todos
os
meus sentidos...

sexta-feira, 4 de junho de 2010

retoque

no encontrado sopro
um calado vento
dois sentados corpos
um teto sereno
calmaria dos mares
acalmaria a boca
sentido meu norte
ponteiros virados
em cordas musicais
olhos calados
blues sentirei
soul escutei
o jazz que farei
de hoje em diante
quebra o passado
em estilhaços de mim
recolhi e montei
em moldura distante
um mosaico enfim
Não
ele não tem fim
sua parte em mim
e aquele frio na barriga que não some

terça-feira, 1 de junho de 2010

Nau do meio caminho

invade caminhos
abrindo espaço
nudez e entrelaço
partem cristais
e taças delicadas
invasão de estradas
batendo na porta
do meu pensamento
morada dos olhos
chão do falar
descanso da alma
uma cama torta
acalento e calma

Cabeceira

sobe fagueira
dançando no escuro
pequena e fina
dobrando esquina
do pensar sem muro
luz de velas
sapateia leve
fagulhas de ar
borbulhas de mim
desfazem o véu
mostrando a tez
e por um acaso
quase um talvez
não sinto frio
nem chama
subo fagueiro
abraçando o claro
óbvio incontestável
escrevo nas paredes
segredos em nossa língua
que são pra você tocar
são pra você só ler
só pra você
passar
e lembrar de mim.

Intangível

​Exú corre no rio E atravessa o tempo Não tem pegada ou encruzilhada Exú corre no rio Tempo avesso e através.