segunda-feira, 15 de abril de 2013

Barra

dordecabeça,
não fode,
me deixa.

as luzes baixas, postes, ruas iluminadas no meio da noite, os prédios dormem, quase se deitam uns nos outros, a cidade cobre, a rua brilha, o décimo quinto andar observa tudo isso como um por do sol. meu apartamento finge dormir, todo apagado, eu continuo na janela, dor de cabeça, tylenol, água, banho, calor, sem roupa e o uísque da desistência, inútil imaginar o sono da cidade, dói, eu mesmo não durmo.
subi a ladeira apanhando, Bê, acredite. "ah, bem melhor seria poder viver em paz, sem ter que sofrer, sem ter que chorar, sem ter que querer, sem ter que se dar" e Powell vem sambando de fininho, sorriso no rosto, não sorrio, nem ele no fundo, é tudo muito samba de morro, e a gente vai assim sorrindomorrendo um pouquinho, subindo bebinho, com cara de descendo, sem saber ao certo em que pedaço do espaço a gente tem lugar pra pisar mais forte um pouco, fingir que é gente, que nunca na vida inteira doeu o coração.
dorme a cidade toda, aqui, dorme tanta coisa em mim, e quem acorda?
não há remédio pra dor de coração ou tédio.

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Intangível

​Exú corre no rio E atravessa o tempo Não tem pegada ou encruzilhada Exú corre no rio Tempo avesso e através.