...é Rita, não tem jeito,
há coisas que são mesmo o que são.
eu sento todo dia na linha do comboio
rezo pra Ogum e penso em caminhos,
será que os caminhos pensam em nós?
faz até frio hoje, nem era suposto
cada gota de tinta em meu corpo treme
sinto a poesia do ferro contraído
contra o chão absoluto,
luto
pra encaixar pedaços de luz
pelos olhos astigmatas
nessa descompressão de Março.
acho que fui feito de metal também,
aquele que dança com a febre
incapaz de assumir a rigidez dos trilhos,
brilho maleável das estradas lentas
rio
essencialmente cromado no calor das peles.
Um comentário:
Essa poesia é toda ela uma fluência entre linhas, não importa o quanto o mundo precise de trilhos e retas, é na fluidez do metal que o caminho corre. :)
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